Rodrigo Gonçalves Dias - Itajubense Ganhador do Maior Prêmio da Ciência Brasileira
Para orgulho da cidade de Itajubá, neste terça-feira, dia 27 foi comunicado via imprensa coletiva na sede do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq em Brasília, que Rodrigo Gonçalves Dias receberá no dia 18 de Dezembro, o Prêmio Jovem Cientista, resultado da XXVI edição.
Á premiação é concedida ao pesquisador que mais contribuiu e continua contribuindo, para o desenvolvimento científico do país.
Seu histórico de vida profissional e científico de 'Avanços em Genômica para o Esporte', trouxe ao itajubense a honra de receber em mãos da Presidente da República Dilma Rousseff, o prêmio de maior pesquisador do país.
Com a participação da Fundação Roberto Marinho, todas as matérias e entrevistas serão divulgadas pela Rede Globo e TV Brasil. As fotos da coletiva de imprensa está em seu perfil profissional no Facebook.
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Release elaborado pela FRM - Fundação Roberto Marinho e que foi entregue aos jornalistas no dia da divulgação oficial dos vencedores.
XXVI Prêmio Jovem Cientista
1º lugar Nome do pesquisador: Rodrigo Gonçalves Dias
Instituição: Instituto do Coração - InCor (HCFMUSP)Título da Pesquisa: “Avanços em genômica para diagnósticos moleculares no esporte: mecanismos moleculares da variante G894T do gene óxido nítrico sintase endotelial (eNOS) e transcriptoma para o esporte”Orientador: Carlos Eduardo Negrão
Pesquisador do InCor desvenda mecanismo pelo qual alteração genética afeta vasodilatação muscular durante exercício físico
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Quando praticamos exercícios físicos, nossas artérias se dilatam, abastecendo os músculos com sangue e nutrientes. A principal responsável pela vasodilatação é a molécula de óxido nítrico (NO), sintetizada naturalmente nos vasos sanguíneos por uma enzima específica, a óxido nítrico sintase (NOS). Em um estudo que propôs rastrear o gene codificador desta enzima, o pesquisador Rodrigo Gonçalves Dias descobriu uma mutação genética que pode comprometer o mecanismo de vasodilatação muscular durante a prática esportiva e, consequentemente, o desempenho do atleta. O estudo sugere que portadores do gene com o código alterado podem ser mais suscetíveis a doenças cardíacas e que, em atletas, a mutação pode diminuir a possibilidade de destaque em modalidades esportivas que exigem maior resistência física. Esta descoberta, juntamente com outros estudos avançados na área de genômica e esporte, renderam ao pesquisador o 1º lugar do XXVI Prêmio Jovem Cientista, que este ano tratou do tema “Inovação Tecnológica nos Esportes”.
A possibilidade de leitura do código genético permitiu a Rodrigo, identificar a presença da mutação no gene da NOS em 8% de uma população de 1200 pacientes do Instituto do Coração – InCor (USP). Na sequência, o pesquisador começou a investigar se as pessoas portadoras do código genético mutante poderiam apresentar diferenças na vasodilatação, em repouso e durante a prática de exercícios.
“Quando o paciente está em repouso, não faz diferença se a enzima é produzida pelo código genético normal ou pelo alterado. No entanto, durante o exercício, indivíduos com o código mutante vasodilatam menos, quando comparados àqueles com o código genético normal. Conseguimos provar que esta vasodilatação prejudicada é realmente consequência da impossibilidade de a enzima aumentar a produção de NO durante o exercício”, explica Rodrigo, de 35 anos, graduado em educação física e doutorado e pós-doutorado em genômica funcional pela Unicamp e pelo InCor.
Os resultados desta pesquisa repercutiram tanto no campo da cardiologia quanto no da medicina do esporte. “Desde 2008, quando o estudo ganhou o prêmio de melhor pesquisa no 63º Congresso Brasileiro de Cardiologia, a maior repercussão tem sido no campo da ciência do esporte. No caso de atletas, este gene da NOS pode, possivelmente, ser utilizado na detecção de talentos esportivos, com base na análise genômica. A descoberta sugere também que esportistas com essa alteração genética estão mais suscetíveis a lesões musculares e terão mais dificuldades de se recuperar delas – isso porque o NO, além de ser uma molécula vasodilatadora, regula a ativação das células tronco do músculo esquelético”.
Mas a pesquisa de Rodrigo vai além. Com o sucesso alcançado na primeira etapa do trabalho, investimentos foram feitos em um novo projeto, resultado da parceria entre InCor e Polícia Militar (PM) do Estado de São Paulo. A ideia é rastrear todo o genoma humano e identificar aqueles genes que reagem ao estímulo do treinamento físico. Para isso, os pesquisadores estão utilizando um chip que permite quantificar a velocidade de expressão dos aproximadamente 25 mil genes que carregamos. “Gastamos quatro anos para desvendar e provar a funcionalidade daquela mutação em um único gene, o da NOS. Apenas três anos mais tarde, o avanço e barateamento da tecnologia genômica nos permitem investigar em um único experimento, todos os genes”, afirma Rodrigo.
Nesta nova etapa, os pesquisadores identificaram 2445 genes que interagem com o estímulo estressor do treinamento físico. “Quando nos exercitamos, o estresse fisiológico provocado mexe no genoma. Descobrimos que sucessivas contrações musculares, realizadas por um longo período de tempo, influenciam a velocidade de expressão dos genes, ou seja, impõem maior carga de trabalho para um grupo de genes e menor carga para outro”, avalia.
Analisar as mutações genéticas, como foi feito na primeira etapa, e as diferenças de expressão dos genes, como na segunda etapa, pode ajudar pesquisadores e médicos a entender porque determinadas pessoas são menos beneficiadas pela prática de exercícios físicos do que outras. E, ainda, prever o quanto um indivíduo se beneficiará das atividades físicas antes mesmo de começar a se exercitar. Os benefícios parecem se estender para o esporte. As análises poderiam mostrar a um treinador o quanto seu atleta será capaz de melhorar seu rendimento em determinada modalidade esportiva. “Atletas apresentam graus diferenciados de desempenho, o que não é novidade para ninguém. No entanto, nossas análises estão permitindo enxergar estas diferenças a partir de um cenário nunca antes visualizado, ou seja, em toda extensão do DNA humano”.